É aqui do outro lado do balcão que vivencio
novas e velhas experiências de vida, são olhares e atos de todo tipo, daqueles
que fazem nosso mundo girar. Vemos um mix de coisas e situações, somos tristes,
felizes, angustiados, ocupados, mecanizados, programados, mas nesse lado não deixamos
de olhar e refletir sobre as atitudes humanas, há uma grandeza embutida nessas
relações e para alguns, o olhar de cada um, diz muita coisa.
Então, que tipo de relação à gente
possuí? Aqui se vende tudo, desde os sonhos mais loucos, da admiração visual à insaciável
vontade de alimentar o paladar e o estômago, mas a gente não pode banalizar as
relações, nem tudo é compra e venda... Às vezes um olhar triste e o barulho das
moedinhas trazem angustia e tristeza, do tipo que faz a gente chorar rios de
lágrimas, mas também não podemos ser pessimistas para tudo o que acontece, os
sentimentos se entrelaçam de tal forma, que nós humanos, exteriorizamos aquilo
que queremos, a dor que me abate, supera a tristeza expressa num olhar, é a dor
do pacto que corroe minha via de reflexão, entendo que vender, é saciar
vontades e desejos, mas eles vão por vontade própria? Estou aqui desse lado do balcão
e lá ao lado de um quarto de emergência com pacientes enfartados, trabalho com
dor e felicidade, sinto tudo isso!
Estou no meio do caminho, alimentando
dois lados de uma mesma moeda, estou como um poste, estático, fico a olhar de
um lado para o outro, sem saber se me firmo ou se caio, são as contradições de
um pacto quase firmado, não me sinto a goiaba nem o queijo, tampouco o fogo ou
a gasolina, só sinto um vazio que me consome, mas no fim, o acordo está firmado
como contrato, durante o dia sou servo
da cura e durante a noite sou servo das vontades e desejos e acabo alimentando a
realidade de cada dia, seja na luz ou na escuridão.
Seu MELHOR texto!!! Fascinante... "Às vezes um olhar triste e o barulho das moedinhas trazem angustia e tristeza, do tipo que faz a gente chorar rios de lágrimas"
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