domingo, 27 de dezembro de 2015

Camisa de força de retalhos


Isto não é uma flor.
Isto não é anel de metal. 
Isto não é uma fotografia que aprisiona uma paisagem da natureza. 
Isto não é um conceito fechado e amarrado em sua própria concepção.
Isto é o que você quiser que seja.
Quem foi que definiu vida e morte? 
Quem foi que disse que o verde é da esperança? Que o azul é da calmaria? Que o branco é da paz? E o vermelho da paixão? 
Pense, reflita, desconstrua as coisas prontas e estáticas,
Permita-se a um olhar livre e que vai além do óbvio, 
Livre-se das camisas de força, dos padrões que excluem, dos modelos limitadores, do estético imposto, da gaiola que quer prender seu coração e adequar seu corpo. 
Pense além da realidade que seus olhos vêem, 
Questione as conformidades, 
Aprenda com o silêncio e com as palavras, grite por seu ser se for preciso, 
Deixe sua mente livre pra voar, flutuar e até sonhar, 
Desconfie do certo e do errado, da verdade e da mentira, 
Observe os discursos, as falas e as intenções, tudo tem significado e representa um símbolo,
Questiono a loucura. 
Abuse das perguntas e construa suas respostas,
Critique sua própria crítica, 
Liberte-se da concepção da flor e do anel, 
Construa seus próprios símbolos através de novas possibilidades, 
Isto não é uma flor, isso não é um anel, 
Isto é só o meu eu querendo liberdade pra pensar e refletir sob novos olhares e perspectivas, 
Isto é um sentimento, uma sensação, uma resposta para algo que se vê além da união de uma flor com um anel de metal, 
Esta é minha forma de intervenção, de rasgar a camisa de força, esse é meu reconhecimento de que a visibilidade é uma armadilha, mas também é uma forma de renovação ou até de revolução do meu ser,
Este sou eu, desconstruindo os conceitos e partindo pra uma analogia que não designa concretude, papéis, jogos ou relações de forças entre a flor e o anel,
Este sou eu em minha própria contradição, expressa na multiplicidade de olhares irrestritos, cercado por um sistema que cerceia, oprime, vigia, aprisiona, afoga, sufoca, mata e que te faz ver sentido em todas esses símbolos impostos,
Isto não é uma flor nem um anel, mas sigo acreditando que talvez "isto" possa fazer eu me sentir um humano que ama em complexidade, simplicidade e contradição, um ser nunca desistente e nem resistente as mudanças. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário