terça-feira, 14 de agosto de 2012

Rio e pedra

“Amar é como ser água do rio abraçando pedra num infinito caminho de construção.” Reynaldo Loio

Qualquer tipo de envolvimento relacional expressa duas facetas de uma mesma moeda, o lado bonito e feio, triste e feliz, real e imaginário, construído e descontruído, é como a relação de um rio que corre para o mar e encontra a pedra presente no caminho, resistente e revolta, esse vínculo nos permite fazer analogias em todos os sentidos e campos da vida e dos envolvimentos, sejam fraternais, conjugais e de amizades, assim humanos, construímos um elo fundamental de ligação, que faz aflorar múltiplas realidades, reflexões, sentimentos e situações, essa é a maior das necessidades, é a sua, minha, nossa, é da nossa natureza essa programação construída no campo bio-psico-social.
Nesse caminho, as construções criam um mundo dual, duvidoso, confuso, incerto e inseguro, vemos que o mundo gira muito mais por suas dúvidas e perguntas do que por certezas ou respostas... Mas o que é certo nessa vida? Na minha concepção, uma coisa é certa, que a morte é o fim de um ciclo!? O fato mais concreto é que vivemos ciclos, fases e momentos, sempre mesclados por sentimentos diferentes, são vários lados, seu e meu, certo e errado, bom e ruim, belo e feio, feliz e triste, a questão é que a complexidade da construção humana traz a tona seres com necessidades diferentes, é uma eterna espera por ‘presentes-supresas’, em certos momentos não conseguimos entender a funcionalidade da pedra no caminho das águas, mas tudo tem sua explicação. 
A trajetória do rio descendo rumo ao mar é a mesma da vida rumo a morte, o caminho percorrido é cheio de pedras, no leito de um rio podemos ver seus inúmeros obstáculos e barreiras, mas é tanta beleza que não conseguimos ver a água sem a pedra, mesmo que tentem retira-la do caminho, algo sempre estará faltando, mas se ela está ali, a rotina segue, o rio abraça a pedra como a pedra abraça o rio, são elementos harmoniosos, que formam uma linda relação, eles se adaptam ao dia, noite, sol, chuva, tempestade, vento, até a tornados...  nós temos um pouco de rio e de pedra, sem você não há nascente que suporte, não há pedra que abrace, não há água que seja potável, sem você aqui sendo meu rio e minha pedra, a água se seca e eu viro somente pedra, pedra, nada mais que pedra... e meu rio se torna lágrimas prestes a secar! 
Nós apregoamos conceitos e valores distintos, todos somos adaptáveis quando queremos. O ponto chave se dá por meio de nossa visão de mundo, é como o seu favorito café forte, o gosto vai depender da quantidade de água, pó e açúcar, é uma mistura de substâncias e com a ‘vida humana’ não é diferente, colocamos as coisas para dentro e para fora a todo o momento e do jeito que queremos, há claro respeito em sua preferência por café forte, mais para o amargo, quente, em xícara e com fumaça batizando suas infinitas reflexões... Há muito mais do que isso de minha parte, você sabe disso, se às vezes me ponho a criticar o seu café forte é por me preocupar se o gosto irá lhe agradar, se a temperatura não irá lhe causar queimaduras, se o açúcar não foi em excesso, se a xícara está com a alça firme, se a grande quantidade não irá lhe causar taquicardia como no passado, é simplesmente isso, cuidar, prezar, resguardar, analisar e acima de tudo amar... na modalidade real! 
Não é tarefa fácil construir mundos, visões, conceitos, valores e relações, nem um de nós está livre dessa árdua tarefa... E como equilibrar o café, o rio, a pedra e a vida, na qual precisamos nos dividir em mil facetas entre uma relação e outra? Na maioria das vezes não temos respostas concretas, mas temos possibilidades e opções, então é questão de escolha, podemos equilibrar tudo isso? Claramente as escolhas demonstram nossas respostas, como havia dito, as perguntas movem o mundo e vou estar a me perguntar sempre, enquanto vocês ‘minhas relações’ me fizerem pensar e repensar sobre tudo, estarei aqui sendo o rio caudaloso e a pedra lentamente mutável. A nascente do rio é como nossa mente, precisa ser alimentada por coisas boas...Então, plante, regue, reflita, faça seu percurso, seja rio e pedra... Ame tudo isso!



4 comentários:

  1. Boa, muito boa Reynaldo! Isso é fantástico:
    "Há muito mais do que isso de minha parte, você sabe disso, se às vezes me ponho a criticar o seu café forte é por me preocupar se o gosto irá lhe agradar, se a temperatura não irá lhe causar queimaduras, se o açúcar não foi em excesso, se a xícara está com a alça firme, se a grande quantidade não irá lhe causar taquicardia como no passado, é simplesmente isso, cuidar, prezar, resguardar, analisar e acima de tudo amar... na modalidade real! "

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  2. Muito Obrigado Anderson,
    Me senti ótimo em escrever esse texto, é como um grito de alerta ao mundo e as minhas relações...estou aqui, não se esqueça!

    Não sou um ótimo manipulador de belas palavras, mas do meu jeito tento mostrar o que penso e sinto, cabe ao mundo me ler ou não, no final quem estará perdendo?

    Obrigado,

    Reynaldo Loio

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  3. O que seria do rio sem a pedra? O que seria da vida sem as dificuldades? E o que seria do vermelho se todos gostassem do azul?... Toda a subjetividade da vida e morte, os caminhos da vida, as duas dificuldades e alegrias, é o que nos faz humanos. O que nos faz SENTIR. E tentar SER alguma coisa ou alguém - internamente falando. Inerente ao ser humano é achar que nossa vida não acaba com a morte. Iremos reviver? Não sei, e espero ter que esperar muito para saber disso! rs..

    Certo é que cada um tem a sua visão do mundo, e devemos tão somente respeitar a visão do mundo dos outros... embora não devemos esperar resplandecentemente sentados em nossos tronos feitos por nós mesmos que respeitem a nossa, mas fazemos nossa parte e não ficamos com a consciência pesada. (Ponto pra nós!)


    ...Fica uma pergunta: se no nosso rio na houvessem pedras, como ela seria?!... eu já tenho minha resposta...
    Beijos, adorei o texto!!!

    Paolla M.

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