segunda-feira, 29 de setembro de 2014

É primavera

A primavera chegou mas meu jardim ainda está sem vida e sem cultivo, hoje o dia está branco, será que chove? Estou na janela observando o jardim, faço prece para que a água chegue e a dinâmica da renovação seja preservada, para que as muitas folhas secas caiam e a vida se renove trazendo beleza e o verde da esperança.
O meu jardim nunca foi muito florido e diversificado, porque a cada lágrima, é como se eu matasse uma flor, é como se eu quisesse privar uma espécie de vida em mim, é como se eu quisesse dar fim a relação do espinho e da rosa, é como se eu quisesse seguir seco, mais terra do que vida, mais no chão do que se arriscando nos galhos das plantas.
O meu jardim segue vivendo as mínguas, esperando ser regado pela chuva que traz o doce prazer da vida, por hora ele é regado pelas lágrimas que trazem o sal que contamina o belo e o nutrido, secando a terra para as próximas estações. 
O meu jardim vive dias de desespero, dias vazios, dias em que só se faz ventar, criando sobretudo a expectativa de chuva, há dias que chegam os pingos, mas que não regam e nem trazem a verdadeira vida ao jardim. 
Imagino que nessa seca, eu possa levar água no regador e dar vida momentânea, ao menos as rosas, que choram e imploram o doce sabor da água, realmente é isso que faço, contudo o poder da chuva é diferente, a nutrição é outra, a magia e a beleza traz tons de vivez ímpar, enquanto isso vou regando até que a chuva realmente chegue no meu jardim.
Nos dias que ventam muito, fico na janela, num mix de reflexões e medos, em prece, em comunhão, querendo a chuva necessária, sem excessos, afinal não quero mais as tempestades do passado que deixaram meu jardim quase destruído, em que se viu os reflexos da extinção de algumas espécies e o nascimento de outras, um novo jardim é cultivável, com novas cores, tons e espécies, mesmo com medo, essa dinâmica faz com que o jardim fique mais belo e mais forte, ao pé que as chuvas não são temidas, mas bem vindas.
"Estou trabalhando "A cerca" do jardim, vou abrindo aos poucos para entrada e apreciação, vou levando vida, pés, mãos, regadores e principalmente esperança de juntar tudo isso à chuva e finalmente abrir a porta, correr em meio ao ápice da vida e de um jardim regado verdadeiramente com amor.


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