terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Sentimento acrítico

Uma nova velha história para um novo velho capítulo de um novo velho livro que é a vida,   
Tudo parece estar num círculo vicioso, embora pouco virtuoso nessas repetições,
Ciclos como estações, que vem e vão trazendo sensações e sentimentos,
Embora tudo isso faça parte da vida humana e das relações sociais, vivemos perdidamente presos numa lógica-produção do ter em detrenimento do ser.
O consumo dos sentimentos enquanto produto-mercadoria traz a tona uma lógica vazia do ter, da posse e da apropriação quase indevida de algo que foi feito para ser sentido?
Evidentemente essa é só uma faceta das contradições e implicações dessas relações humanas. Até que ponto refletimos sobre nossas relações? Aí mora um ponto, pensamos e refletimos demais.
Estamos cada vez mais postos a pensar do que simplesmente viver e sentir essas relações, procuramos "definir" um mix entre razão e emoção para tentar viver em equilíbrio-felicidade, como se fosse necessário colocar um problema com fórmula a ser resolvida, para algo que não se equilibra, algo que existe na imperfeição, na inconstância, nas relações de poder e até de dominação, no cotidiano quase tétrico e metódico, algo que não é para ser bonito esteticamente e sim vivido simplesmente. 
Na simples lógica do ter, cria-se a incapacidade do ser, criam-se mentes doentias e corpos arredios às sensações e a pureza dos sentimentos, nos quais perduram o medo e a tristeza como alimentos essenciais da alma e do físico, 
Não há como negar os sentimentos e as sensações, talvez nossa maior confusão seja a de entender porque o ser e o sentir se tornaram tão complexos e é no não entendimento que seguimos querendo ter, porque é mais fácil se apropriar de algo, cobrar algo, atribuir posse, valor e competência do que simplesmente viver algo, sentir, se entregar e se ferrar se for preciso.
Enquanto amar for algo complexo, continuaremos entregues, assim como somos ao sistema, ao consumo e ao vazio, talvez reconhecer no amor,  a pureza, o fraterno, o alimento, o respeito, um sentimento verdadeiramente sem fórmulas, estaremos dando um passo para deixar de seremos corpos dóceis, doentios, medrosos e até maldosos para si e para os outros.
Talvez eu esteja expressando de algum modo um sentimento acrítico ou crítico?  'Sigo Refletindo com algumas respostas'. 

3 comentários:

  1. Respostas
    1. Obrigado Aline, fico feliz que tenha gostado! Isso me inspira a continuar escrevendo nesses blocos de nota e publicando por aqui! 😊😁

      Excluir
  2. Incrível! Como é real e ao mesmo tempo tão assustador todas essas indagações? E quão assustador é saber que nós estamos apenas assistindo e nem um pouco agindo.
    "Precisamos ser a mudança que queremos ver no mundo" e pelo que parece não queremos uma mudança :/

    ResponderExcluir