quinta-feira, 7 de maio de 2015

Sacolas ao vento

Há tanta energia correndo pelo mundo, que nem paramos para prestar atenção o que nos rodeia. 
Hoje é um daqueles dias, o qual você vê a vida passar através de uma sacola plástica.
Uma sacola que se arrisca a sair do chão em leves vôos num provocativo outono.
Há uma espécie de liberdade naquele voar e uma forma de prisão daquele ar.
Assim seguimos a vida, numa incessante necessidade de entender as sensações que ora nos liberta, ora nos aprisiona. 
Existe uma constante busca em entender os rumos da sacola e do vento, fruto talvez, de um vazio que está presente em nossa visão a maior parte do tempo,
Eis que esse vazio que desfoca a imagem e que quando retoma o foco, nos provoca um profundo choque de realidade. 
Embaço e embaraço na visão, o desconforto move meu coração e a reflexão move minha cabeça ao chão.
É só questão de minutos, a sacola vai e vem sem horizonte, sobe e desce por alguns segundos, sem rumo, brinca de viver e eu de aprender. 
Mais do que ver a sacola, você pode ouvir, ouvir os sons da vida, a força do ar, a energia da imperfeição em ação.
Mais do que ver a sacola, você pode sentir, sentir as inconstâncias do vento, o aperto no peito, a fadiga na respiração, o nariz em coriza, assim se apresenta mais uma imperfeição, da vida em ação.
Mais do que ver a sacola, você pode refletir, refletir o por que da sacola, mas talvez o meu caminho não tenha sido entender, apenas prestar a atenção nos sinais dessa ação. 
O meu mundo precisou estar em imperfeição, o universo precisou me provar que ele não é feito do perfeito e a sua imperfeição é a maior condição para a evolução,
E o por que da sacola persiste em minha mente, a sacola é meu objeto, é  meu dedo na ferida, é  meu ser imperfeito transformando causa e efeito, 
Tudo tem um por que, a sacola é uma metáfora para analisar a vida e refletir sobre as imperfeições, isso me remete a uma série de novos elementos, para construir uma nova visão que não desfoca a sacola e que não sufoca a beleza dos outonos.

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