quinta-feira, 25 de junho de 2015

Diálogos de espelho

Dependendo do ângulo, tudo parece prisão,
Dependendo da boca, as palavras não são apenas falas,
Dependendo do sentimento, a rendição não precisa ser dolorosa e impiedosa,
Dependendo dos mares e das marés, a lua não precisa ser cheia.
Construímos dependência pela própria necessidade.
Certos álibis, certas histórias, certas necessidades, certas realidades, todas incertas,
As incertezas e as interdependências produzem vazios nas páginas da vida.
As certezas são in e as dependências são inter, ambas internalizadas num rito que eleva e  que joga ao chão, um mix de verdade e mentira, de prisão e libertação.
Dá para ver uma angulação obtusa, um rombo que rasga a carne, através de uma circunferência ilusória, de buraco oco, de sangue anêmico e de ferida ciclicamente necrosada.
Dá para pensar que a dor é física, mas certamente não há corpo que suporte as dores d´alma,
Dá para confundir luz e escuridão,
Dá para continuar dependente das incertezas.
Dá para dizer que meu peito continua em arritmia, inconstante e distante da batida equilibrada.
Dá para pensar que o espelho é minha maior prisão e que você é meu maior fantasma.  
Dá para refletir que internamente, brigamos incessantemente, essa luta se pauta na incerteza do meu ser e do meu querer.
Dá para dizer que o espelho revela meu grau de dependência, que em essência, mostra o quão me perco em traços desconstruídos, diante de reflexos em constante mutação e evolução. 

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