quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Cotidiano incolor

Cada passo representa uma gota de sangue deflagrada em meio aos pombos na praça, 
O vermelho é a cor que pulsa naquele caminhar,
Passos desarranjados se misturam as sentimentos desajustados, 
Ali segue aquele rapaz de tons e sobretons despidos,
De olhos tom de castanhas secas e quase sem brilho,
A pele era pálida, quase incolor,
Os passos eram rápidos e longos,
O andar era quase em ritmo de fuga,
Os olhares iam de um lado para o outro, carregando a crença de um coração puramente leviano e sem esperança, 
O sangue circulava ralo e as gotas mapeavam seus passos quase que sem barulho de vida,
A boca cristalizada no sabor amargo da dor, 
Afinal quantos rapazes seguem aquele caminho?
Em meios aos rapazes, especialmente um, segue aquele caminho refletindo que tudo continua ali de alguma forma, continuam os pombos em meio aos passos, os velhos em meio as mesas de jogos, o dia em meio a mecanização da vida e a tristeza em meio aos olhares perdidos no vazio das esquinas, 
Os passos daquele rapaz continuam deflagrando o sangue que jorra em meio as fissuras do corpo e d'alma,
Eles revelam que no fundo, a solidão é uma condição em meio a inúmeras formas de aconchego,
O vermelho continua vivo, mas a vivez continua morta em meio aos passos daquele cotidiano incolor.

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